quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sobre o amor platônico - Capítulo V

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Assunto: (Sem Assunto)
De: Suzane de Souza (suzanesousa@email.com)
Enviada: segunda-feira, 11 de janeiro de 2010 02:45:50
Para: Emanuel Moraes (emanuelmoraes@email.com)

Querido Emanuel,
Sinto a sua falta. Está tarde da madrugada e não consigo dormir. Já se passou duas semanas desde o nosso primeiro encontro, e percebi que só você preenche uma parte de mim. Quero estar novamente em contato com o calor do seu corpo e ouvir suas palavras ao pé do meu ouvido. Espero te vê logo. Um beijo.

Suzane de Sousa
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Li o email de Suzane logo pela manhã, após ter tomado café. Fiquei pensando se respondia ou se deixava para depois, assim que tivesse uma boa resposta. O problema é que eu também sentia falta dela, e por isso não sabia o que falar. Fiquei com isso em meus pensamentos o resto do dia e mal conseguia fazer minhas atividades na redação do jornal. Tentei comer alguma, mas só conseguir fumar uma carteira de cigarros e tomar três copos de vodka com gelo. Caralho! Aquilo tava me fazendo tão mal assim, que já estava começando a sentir tontura; será que era por causa da vodka? Cheguei em casa e liguei imediatamente o computador. Respondi o email de Suzane, dizendo para nos encontrarmos sexta-feira à noite, num barzinho que ficava no centro da cidade. Fui comer alguma coisa na cozinha e fiquei pensando nela; na sua pele macia, em seus cabelos cacheados, em seu cheiro, e na noite em que dormirmos juntos enquanto sentia sua vagina se contraindo no meu pênis.

Os dias se passaram rápido. Sair atrasado do jornal e peguei o primeiro ônibus que parou para mim. Estava um engarrafamento enorme e eu suando muito. Depois de um tempão, cheguei ao centro e caminhei até o barzinho. Ela estava sentada, com um cigarro entre os dedos e bebendo uma cerveja. Beijei sua mão e sentei de frente para ela.

– Pensei em você desde o momento em que li seu email – eu disse.

– Também pensei em você todos esses dias. Fiquei trancada em casa esse tempo todo, e percebi que só queria você.

– Sabe Suzane, também quero muito você. Mas está acontecendo tudo muito rápido. Bora deixar as coisas rolarem.

– Bora! Quero rolar com você à noite toda e me entregar totalmente – disse Suzane num tom sarcástico.

– Escute Suzane, não é bem assim. Eu estou um pouco confuso, porque não estou mais alimentando o amor platônico que sentia por você. Eu sempre te imaginei, sonhei com você. Agora que está acontecendo, quero ir com calma.

Suzane:

Mas que filho da puta! Que papo de amor platônico era aquele? Porque os homens sempre dão um ar de coitadinho assim, parece que já nascerão com todo esse sentimentalismo teatral. Se ele não queria continuar tendo nada comigo era só me dizer que acabava. Agora fica filosofando palavras para me enrolar.

Deixei-o ficar falando mais um pouco antes de lhe interromper:

– Que negocio é esse de amor platônico?! – Eu disse furiosa.

– É isso – disse Emanuel. – Te criei em meus pensamentos, te imaginava a todo o momento, e agora que te tenho tão perto, não quero te perde.

Mas que idiota. Ele não percebia que eu também o queria. Que o desejei desde o primeiro momento que lhe vi. Emanuel também era o amor platônico que eu criara nos meus dias solitários no meu quarto, ao som da voz suave de Adriana Calcanhotto, e de inúmeros livros que lia e poesias que escrevia. Pedi mais um copo de chopp para o garçom e olhei para os olhos de Emanuel.

Um comentário:

Lívia Corbellari disse...

vc acaba idealizando demais e acaba se decepcionando com a realidade, espero q não aconteça isso

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