quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sobre o amor platônico - Capítulo VI

Emanuel:

Olho para os olhos lindos de Suzane, e para a beleza de sua cor. Seus cabelos cacheados e seu rosto suave. A multidão ao redor parecia não existir. Estou tonto e com algo preso na garganta. Sinto socos no estômago e vozes na minha imaginação. Parece que tudo está sumindo.

Como explicar para Suzane sobre o meu amor platônico. Isso era uma coisa impossível que só existia em meus pensamentos.

Então foi ai que percebi.

Tudo o que eu sentia por ela era real, de amor platônico não tinha nada. Era verdade, eu criara, alimentara, e a tinha agora. Acho que não suportei o fato de tê-la somente na minha imaginação: o lugar onde ela sempre esteve tão bem, perfeitamente tão bem. Em que eu nunca iria perde. Meus olhos pesam, minha imaginação rodeia, fecho os olhos e imagino. Que droga era essa, que só conseguimos manter em nosso pensamento?!

Era ela mesma. Suzane: meu amor platônico. Que me acompanhou pelos meus pensamentos desde a infância. Que esteve nas páginas do meu livro, nas minhas palavras, nos meus sonhos, pelos cantos solitários, pelos ares da minha imaginação. Caminho, caminho, caminho e paro. Eu a encontrei.

Acordo. À boca com salivas secas, minha cabeça latejando e minha visão embaçada.

“Fico viajando durante horas, dias e noites, lutando contra meus pensamentos. Perco-me nos meus sonhos. Estou com uma forte dor de cabeça, um grande enjôo. Saio vomitando pelo chão que não existe, encosto-me na parede e permaneço estável. Olho para sua imagem que está no céu, e me sinto fraco. Meu medo era ter esse sentimento de agonia, e acabar sozinho. Agora meus pensamentos são vagos, não tenho vida, não tenho vontades. Mentiras vividas perfeitamente. Palavras suspiradas e lançadas ao vento. A coisa mais bonita foi imaginar seu corpo que se desintegrou nos segundos imaginado. Minha heroína romântica acabou, levou minhas idéias. Estou em silêncio. Carrego minha própria dor em momentos de desespero. Antes era alegre, leve, calmo... Perfeito. Nunca quis te imaginar, apenas te ter. Sonhos breves, longos e insuportáveis. Sinto frio, calor, medo, vergonha, felicidade, esperança, o tempo, sinto a falta... sinto a falta. Sinto a falta do seu corpo, da sua voz, de sonhar, do amor. Tenho preguiça, cansaço. Queria descansar em seus braços. Grande tédio, doce solidão. Poemas escritos, palavras desenhadas, teu corpo miragem. Bebidas que golpeiam a mente para você aparecer. Noites paradas, silenciosas, solitárias. Passos lentos, o som que me sustenta. Não sei se te perdi, se existisse, se era uma ilusão. Meu pensamento fraco, pobre psicodélico. Era o amor platônico que me abraçava, e me fazia viver intensamente a loucura de amar através dos sonhos. Da infância o sorriso eterno na lembrança. Agora sei que basta fechar os olhos e dormir, para te ter para sempre e te amar eternamente. Viver nos meus sonhos e morrer te imaginando.”

Suzane:

Um beijo e bons sonhos.



FIM

*Para Aryane Oliveira

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