segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Wood, o pássaro que não voava

Em homenagem a todas as crianças com suas imaginações totalmente inocentes. Sinto falta disso.

Bernard Freire

Muitos dizem que a maior liberdade está nas asas de um pássaro. Outros dizem que queriam ser esse pássaro. Mas somente poucos, bem poucos, dizem: “Queria voar tão alto quanto um pássaro sem asas.”

A história começa exatamente no ano de 1969, quando um pássaro não consiga voar porque não tinha asas. O pequeno e aflito pássaro se chamava Wood, e vivia constrangido quando ficava a observar o bando seguindo rumo para o outro lado do horizonte, enquanto ele ficava sobre as plantas que brotavam da terra. Wood ficava caminhado sozinho pelo imenso mato de erva que ligava a floresta até a cidade. Nada era perfeito e os seus dias eram sempre a mesma coisa. Wood sentia um grande vazio por não ser que nem os outros pássaros, mas esse vazio nunca o deixava triste, pois Wood era forte de pensamento e sabia sonhar com coisas boas. Certa manhã, Wood acordou e percebeu que o céu estava vazio, sem nenhum pássaro voando. Não ouvia nenhuma canção pelas árvores da floresta e nenhum som de bater de asas. O silêncio o acompanhava em sua caminhada pela floresta. Wood passou a ter um pouco de medo por se sentir tão sozinho; caminhava sem encontrar nenhum movimento, mas mesmo assim continuou caminhando, caminhando, caminhando... Estava ficando escuro e frio, o vento batia nos galhos que faziam as folhas caírem, o medo parecia crescer. De longe Wood observa uma luz intensa que brilhava cada vez mais quando se aproximava. A luz intensa era um grande cogumelo colorido. Uma luz irradiante que faziam os seus olhos girarem com o pensamento. Wood, totalmente inocente, observava o grande cogumelo e ficou impressionando com aquelas cores brilhando no escuro. “Olá”, disse o cogumelo colorido. Wood se assustou e correu para trás de uma planta. “Olá”, tornou a dizer o cogumelo colorido, “não tenha medo, não irei lhe fazer nada”. Wood saiu calmamente de trás da planta e ficou uns dez segundo calado antes de falar: “você tem vida”. “Claro que tenho”, responde o cogumelo colorido, “sou de uma espécie rara de cogumelo que só existe um em cada país. Mas me fala, como você se chama e de onde veio?”. “Me chamo Wood, moro aqui na floresta mas nunca havia andado por essa área”. “Você estar perdido?”, perguntou o cogumelo colorido. “Acho que sim. Não consigo encontrar os outros pássaros aqui na floresta, o silêncio abita em todas as partes”. O grande cogumelo colorido começa a gargalhar, enquanto Wood fica sem entender. “Você não está sabendo que essa área será palco de uma grande guerra? Uma guerra onde os humanos não pensam nas vidas por estarem obcecados pelo poder. Caro Wood, brevemente parte disso que você está vendo será destruído, por isso os pássaros voaram para bem longe”. Wood senti o vazio lhe cobrir novamente. “E o que devo fazer senhor cogumelo?”. “Voe para bem longe também”. “Mas não tenho assas”. O grande cogumelo colorido observa o aflito Wood e lhe responde: “siga o seu coração, caminhe na direção da liberdade; todos estão seguindo esse rumo, você saberá o que fazer. Só não fique no Vietnã”. Wood nunca havia saído da floresta, mas achou que já estava na hora de procurar novos horizontes. “Bom, então muito obrigado senhor cogumelo, vou seguir em frente”. “Boa sorte Wood, e siga as cores”.

Agora Wood abraça o mundo e segue sua imaginação. Seus pensamentos de infância lhe acompanham durante o longo caminho: o alimento mastigado da boca que o alimentava, as penas aconchegantes que o mantinha longe do frio, os olhos brilhantes que o faziam ter forças, e a canção que escutava todas as manhãs. Os adultos também são órfãos, órfãos assustados. Sua jornada é arriscada e divertida, seus movimentos: atrapalhados.Tudo estava mudando. Um pássaro sozinho a caminho de... “não se sabe o lugar”. Wood sentia frio, muito frio, e também fome. Suas perninhas davam passos cada vez mais ligeiros. Wood já cansado, senta debaixo de uma linda flor, encosta sua cabeça e senti o balançar dela. “Estou cansado”, suspira Wood. Ele começa a fechar os olhos lentamente e cochila por um tempo. Uma respiração leve e calma como à de um bebê. Sonho. Sonho que é interrompido com um barulho de bater de asas. Uma linda Borboleta pousa na flor. Wood acorda, olha para cima, e vê uma linda beleza que lhe faz lembrar-se de sua mãe. “Olá dona borboleta, você pode me ajudar?”, pergunta Wood. A borboleta responde: “dona?”, deixando Wood envergonhado. “Desculpe, é que estou seguindo as cores e não sei bem por onde ir”. A borboleta olha para os olhos aflitos de Wood, e observa um grande cansaço. “O meu nome é borboleta do amor, e o seu nome pequeno pássaro?”. “Wood”. “Você também está indo para o lugar imaginário?”, pergunta a borboleta do amor. “Sim”, responde Wood. “Bom, você pode vim comigo se quiser, também estou indo, me perdi das minhas amigas borboletas”. Wood senti-se surpreso. “Posso ir mesmo, não vou lhe atrapalhar”. “Claro que não, fazemos companhia um para o outro”. “Legal, então vamos!”. “Então venha, estou seguindo um caminho diferente: o caminho das flores”. Wood não se importava, queria chegar logo ao lugar imaginário. Poderia demorar um pouco, até porque Wood estava acompanhado de uma linda borboleta, uma beleza incomparável. Linda são as borboletas, com suas cores, suavidades, movimentos e seu brilho diante das flores. Durante o caminho a borboleta do amor e o pequeno Wood pegavam alguns frutos e conversavam. Falavam sobre amor, diferenças, sonhos... sobre a vida. Uma viagem divertida. Uma viagem que as crianças fazem e que os adultos não entendem. Afinal, o mundo delas é diferente.

PEACE (PAZ) anunciava uma imensa faixa pendura na árvore. Ao se aproximar do mundo imaginário, Wood sentia-se bem-aventurado, uma energia dentro de si. Energia interrompida por um soldado gafanhoto que buscava jovens recrutas para lutarem pelo seu país. “Aonde pensa que está indo pobre pássaro”, perguntou o soldado gafanhoto, “temos trabalho a fazer. O governo não ficará nada feliz de saber que um pássaro fracote deixará sua honrar para se juntar aos negros, as mulheres, a essa tal de democracia e liberdade”. Wood estava assustado, não entendia aquele soldado gafanhoto. ”Não quero ter honrar”, disse Wood, “quero apenas viver, sentir amor, a natureza e aprender a voar”. O soldado gafanhoto percebeu que Wood era forte de coração e deixou-o ir embora. O mundo imaginário agora era totalmente de Wood. As emoções, a música, as pessoas, as cores, o vento. Era tudo diferente, era tudo estranho. Wood se encontrou com a natureza e com o som que vinha dos solos de guitarra. Wood estava muito feliz, mas faltava alguma coisa que nunca conseguiu realizar. Voar parecia uma coisa impossível para um pássaro sem asas, mas naquele momento Wood encontrou o que jamais havia visto antes: sua liberdade. Agora Wood tinha asas. Tinha o mundo psicodélico que amava. Wood que nunca tinha voado, voou pela primeira vez. Voou tão alto, mais tão alto, que percebeu que sua mãe estava perto e sentiu seu abraço. Wood voltou a ser a criança que voava com as asas de sua mãe.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Flores Marginalizadas

*Para as mulheres

Queria escrever no corpo das lindas flores que me cegam
Sentir seu perfume e ter orgasmo até ficar seco.
Então, cobrirei de beijos as pétalas e sua cor viva me trarar uma vontade banal,
Para recomeçar o processo novamente: escrever-sentir-gozar-beijar.

Bernard Freire

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sanguesuga da mente que rodeia as idéias. Céu branco e uma linda branca passando. Tempo. Sinal verde, amarelo, vermelho, luzes vermelhas... passos. Um ponto verde caminhando e os olhos observando-o. Abunda passou. Abunda. Vozes soltas, sol raiando, mangueira impatando. Uma tarde, no ar, nos prédios.
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