domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Dois desconhecidos tentando encontrar algo legal em uma noite de natal.

– Sempre rasgo as folhas de papel quando não me vêem nenhum pensamento a mente. Olho para outra folha em branco e me certifico de que apenas o vazio me ocupa. Era bem melhor ter aprendido tocar algum instrumento ao invés de me arrisca na arte da escrita.

Ronaldo era meio descrente com as coisas. Tornava impossível e complicada cada situação que fizesse parte de seu trabalho. Sua cara de perdedor lhe ajudava a ter mais certeza de que nunca conseguiria terminar uma lauda para as coisas que tentava escrever. Seu vício era outro mal, lhe afundava nas duvidas e na certeza de ser um grande perdedor. Palavras lindas nunca faziam parte de seus pensamentos.  De sua mente só brotava complicações e um ódio que sentia por nunca passar de um parágrafo. Nada era tão simples.  Toda essa perda só lhe frustrava cada vez mais.

Era véspera de natal, e enquanto todos comemoravam felizes, Ronaldo não tinha nada de emocionante a comemorar. Só tinha folhas em branco a ser preenchidas por palavras. Tentou escrever um poema decente:

"A chuva molha as raízes das plantas.
Meu corpo fica seco,
Perco apenas para as flores.
Meus olhos escurecem.
Sinto falta de outro olhar."

Ronaldo não sabia, mas essas palavras foram tão simples que conquistaram Barbara.

Barbara vivia a perda de um grande amor. Teve inúmeros relacionamentos com caras que nunca a fizeram feliz. Passava noites em claro a espera de um telefonema para lhe confortar. Se afundava num choro seco e silencioso todas as manhãs. Como não tinha resultado de suas paixões, passou a escrever sobre suas frustrações. Era meio boba a forma como Barbara lhe dava com as palavras, mas elas tinham uma força tão verdadeira. A partir das palavras que lhe sufocavam, achou melhor gritá-las em uma folha em branco. Passou a escrever para os perdedores.

O primeiro contato que Barbara teve com Ronaldo foi através de um poema tosco com o qual se identificou. Achou sincera a forma de como uma frustração poderia atingir outra pessoa. Foi quando se certificou de que não estava sozinha.

“Olá, gostei do seu poema tosco. Pareceu tão verdadeiro para mim. Feliz natal. Beijos.”

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Única forma de tranquilizar a vontade de se apaixonar por algo.



Queria escrever algo novamente para essa canção, me sinto bem com ela. Agora, ficar ouvindo imagino muito mais do que se parasse para escrever. Uma das mais lindas canções que ouvir. Ela me inspirou e conseguir escrever isso: Vai a onda Vem a nuvem

domingo, 11 de setembro de 2011

Anne

Dez anos depois volto a pensar em Anne. Tenho pensado bastante nela esses dias desde que vi as notícias da televisão relembrar o atentado de onze de setembro, o que me fez voltar ao passado. Fico me perguntado se ela está viva ou morta, se casou, se continua linda encantando outros homens ou se encontrou o seu destino como sempre dizia. Eu realmente a amava. Sei que seguimos caminhos diferentes agora, mas só de relembrar o que aconteceu naquela madrugada, sinto que ainda há algo perturbador dentro de mim. O que parecia ser uma ficção acabou se tornando um verdadeiro fato histórico.

Eram três e vinte sete da madrugada quando Anne atravessou meus pensamentos e deitou na cama junto comigo. Acordei com seu cheiro invadindo minha respiração que imobilizava todos meus sentidos. Um cheiro doce de rosas do campo. Ela passava seu fino rosto no meu, colava seus lábios nos meus olhos e escorregava sua delicada mão sobre minha barba. Perdi totalmente o controle para sua sedução.

– Como você conseguiu entrar aqui? – perguntei.

– Pedi para o porteiro, ele me reconheceu.

– Porque as pessoas ainda acreditam na beleza humana. Você poderia ser uma bela assassina de um filme noir.

– Não tenho tanta sorte de contracenar num papel desses.

– E porque veio até aqui. Não disse que não queria mais me vê.

– Disse, mas senti sua falta. Abrace-me bem forte.

– Estamos cometendo o erro que não queríamos. Devemos nos afastar.

– Sei disso, por isso estou aqui.

Anne foi minha primeira mulher na fase adulta, a que fez com que eu quebrasse minha promessa de quando criança. Havia prometido a mim mesmo que nunca iria ter um relacionamento. Iria me apaixonar pelas lindas mulheres sem fazê-las sofrer. Que promessa ridícula. Acho que devido ao amadurecimento vamos perdendo as coisas que nos comprometemos no passado. Só conseguir perceber isso agora, dez anos depois. Aquela madrugada de onze de setembro parecia não ter existido em minha vida até o amanhecer, quando atendi ao telefone. Anne se despediu de mim e me fez acreditar na realidade. Liguei a televisão e assistir o avião se chocar no World Trade Center, o momento que me certifiquei que tudo era verdade.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Silenciei as palavras novamente. Me desculpem por cometer esse erro.
[...]

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Rebobina(dor)

Minha prezada Carol:

Hoje, mais do que nunca, sentir saudade sua. Lembrei de seu suave rosto e do brilho de seus olhos para ocupar minha mente de sua beleza. Os dias aqui no Rio demoram a passar. Estou desaprendendo a viver. Levo dia após dia como se fosse o mesmo. Como se fosse uma gravação de minha rotina. Minha vontade era de estar ao seu lado, passar meus dedos entre seus cabelos cacheados e sentir o cheiro do meu jardim de flores. Você me mata de saudades. Talvez se eu não tivesse escolhido esse emprego aqui, poderia está com o pouco que eu tinha ao seu lado. Isso iria me confortar. E você? Como é que vai? Final de semana sair com o pessoal da fábrica. Divertimos-nos muito. Eles ficaram encarnando em mim durante o expediente todo porque eu não parava de falar o seu nome. Devia está bêbado. Como daquela vez que fomos para o boteco da praça, lembra. Passei a noite toda falando sobre ‘pirataria’, e todos já estavam de saco cheio. Eu sou mesmo uma figura. E daquela vez que...

Eu não queria mas lê aquela carta. Se possível, queria que ela nem tivesse existido. Ela é como as outras. Cheia de palavras que remetem saudades e lembranças de nosso namoro. Como é que ele podia falar em saudades e ficar longe daqui. Porque ele não largava tudo e vinha ver a saudade dele. Será que ele não pensa que eu também tenho sentimento. Eu aqui calada, vivendo de solidão. Respirando os dias deprimentes das dores. Sentindo a falta da cor que tínhamos. Supro minha saudade conversando com pessoas que não conheço. Com rapazes que me convidam insistentemente para sair. Devo está fazendo a coisa certa. Viver do que aconteceu me estraga. Faz me sentir uma moça tola. Já não existo para o que aconteceu. Agora sigo numa linha que sempre me busca nos momentos tristes. Para encontrar o que ainda não encontrei. Para buscar o que ainda não vivi. Para recuperar esses dois anos que estamos longe.

Bernard Freire

domingo, 19 de junho de 2011

Um pequeno breve comentário sobre o reencontro

Hoje me reencontrei com as palavras que estavam perdidas em meus pensamentos. Sentia falta delas assim como sentia falta dos meus passos que há tempo não me levavam para um mundo confortável. Sentia- me preso entre meus pensamentos e ao mundo que me rodeava. Parecia que estava de olhos fechados. Não sentia o conforto agradável de está voando em meus pensamentos desde quando me prendi. Desde quando me prendi para está sozinho entre muitas pessoas. Ainda sinto isso, mas sei que o conforto nunca será confortável. Agora quero aprender a me equilibra nessa linha sem cair novamente. Será difícil, mas conseguirei, e eu sei disso. Perdi-me durante muito tempo dentro desse labirinto que eu nem mesmo sei. Sentir o gosto das palavras espontâneas é deixar-se solto e não ter que voltar atrás.

Bernard Freire

*Esse comentário não é uma auto-ajuda e nem um desabafo. São apenas palavras. Tente escrevê-las.

terça-feira, 14 de junho de 2011

O olhar por dentro do sentimento

O único objetivo era saber qual seria o impulso que levaria Ronaldo até aos bares das noites calorosas do mês de junho. Mas isso seria difícil, já que agimos por impulso sem perceber. Depois que o impulso veio, achou melhor não ficar em casa onde sua angústia aumentava. Pegou a chave do carro e atravessou a porta da rua. O impulso estava dentro dele. A rua que cortava caminho ao centro da cidade estava congestionada. Pessoas fantasiadas de caipiras atravessavam sem medo entre os carros, a fogueira parecia brilhar bem mais que as luzes dos postes. Era noite de São João e Ronaldo não estava nem um pouco a fim de bancar o legal. Antes de decidir voltar para casa, seus olhos bateram com a cena do beijo. O seu beijo roubado.

– Um soco no estômago! Isso foi o que sentir ao ver aquela cena. Nunca pensei que as mulheres pagavam na mesma moeda, ou até pior. – Talvez se Ronaldo tivesse ficado em casa naquela noite, seu olhar seguiria outra direção e ouviria o tic-tac do relógio silenciando sua angústia.

O copo estava cheio, quase derramando. Mesmo assim Ronaldo continuou pondo mais uísque sem perceber o que estava acontecendo. Seus pensamentos latejavam as lembranças daquela noite, quando viu Mayara nos braços de outro. Na boca de outro. No momento em que a viu, a cegueira tomou conta de seus olhos. Agora Ronaldo tem uma visão oculta para perceber os fatos. Sua concentração se perde junto aos seus pensamentos. O uísque derramou na mesa manchando a toalha branca.

– Merda.

Ele realmente estava precisando do auxílio de um amigo. Ronaldo não sabia se ficava entediado em casa ou se iria até o boteco mais próximo encher a cara. Se fosse para o boteco, afundaria mais sua dor. Resolveu ir para casa de sua mãe onde sempre se esquecia do mundo. Antes de partir, sentou em frente ao computador e enviou um email para Mayara.

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De: ronaldoabreu@email.com

Para: mayara.lima@email.com

Assunto: (sem assunto)

Se meu corpo ficar tanto tempo dentro desse cubo, minhas imaginações evoluem e percebo que já não quero manter contato com o resto do mundo. Quando percebo que estou sofrendo, esqueço essas imaginações e me levo em direção aos outros corpos espalhado pelo mundo. Tenho sentimentos, palavras, olhares. Medo. Tenho necessidade de amar o que não me pertence. De sofre pelos meus olhares. De chorar ao ver o mar, as flores. De sentir o vento. De vê a luz do dia apagando quando tento te esquecer. Tentei não sofre e ocupar meus pensamentos para não pensar em você.

Passei a me reunir em um partido de esquerda, já faz duas semanas. Socialistas que vêem problemas em tudo e não tem medo de gritarem suas vozes (ao contrário de mim que tenho medo de gritar o que está aqui dentro, o seu nome, isso também está dentro de mim). As reuniões são as quartas e sextas, sempre às sete da noite. As pessoas são inteligentes e com um bom acumulo político. Talvez eu me filie ao partido. Acho muito bom fazer discussão política e colocar em prática as atividades para o crescimento da sociedade. Só tenho medo de acabar me frustrando depois. Fico por aqui, um beijo.

Ronaldo queria continuar dormindo e ficar sonhando com as lembranças de sua infância onde ele realmente era feliz e não precisava fingir. Pegou o violão que estava no canto do quarto pedindo para ser tocado. Aquele violão estava velho, mas era o único objeto que lhe remetia à lembrança de seu avô. Caminhou pelo corredor e atravessou a cozinha sentido o cheiro do café que sua rainha estava fazendo, sentia saudade daquele cheiro. Parou na varanda e observou os objetos, estavam todos empilhados no mesmo lugar, lado a lado. Esse filme retrocedeu em seus pensamentos. A velha cadeira ainda estava no mesmo canto, como se tivesse alguém sentado naquele lugar todos esses anos. Sentou e sambou com a viola para recomeçar de novo, bebendo daquele café para lhe trazer o beijo novamente.

domingo, 29 de maio de 2011

Chuva, convite e cinzas de um carnaval

Perdi o feriado de carnaval ao seu lado por um quarto vazio repleto de música lenta, livros abertos e um silêncio que me fazia pensar em você. Sabia que isso iria ser um pouco entediante, mas foi assim que decidir passar o feriado: longe da sua linda voz, e me abrigar no silêncio das palavras. Talvez eu deva ter errado em não ter aceitado o mesmo convite feito há dois anos, quando nos conhecemos, lembra?

Era final de fevereiro e as fortes chuvas castigavam as ruas de Belém. Esse era o momento em que à cidade parava e o estresse aumentava. Já era quase oito da noite e me senti ilhado na lanchonete de uma panificadora, onde a cada segundo que passava minha paciência sumia. Se ao menos eu tivesse um guarda-chuva.

– Idiota – eu disse. – Nem pra isso sirvo. Dava pra ter comprado um guarda-chuva. Sou um burro mesmo.

Logo atrás, ouvir sua risada leve. Você estava rindo do que eu havia dito. Acho que minha expressão agradou aquele entediante momento.

– Desculpe.

– Que nada, achei engraçado o jeito que você falou.

– É que eu não estou a fim de ficar na mesa de uma lanchonete a noite toda.

Os próximos três minutos que se seguiram, foi o tempo em que você se levantou, foi até o caixa, pagou a conta e caminhou até a porta de saída, parou, olhou para mim e disse:

– Tenho um guarda-chuva, ele é grande e da para duas pessoas. Posso lhe dar uma carona, se quiser.

A chuva já estava fraca e caminhávamos abraçados falando sobre nossas personalidades.

– Fico aqui nessa parada – eu disse. – Obrigado pela gentileza de ter me dado uma carona. Foi a melhor e mais divertida carona que já tive.

– De nada, o prazer foi meu.

– Então tchau.

– Tchau. – Beijo no rosto e um leve abraço.

Fiquei observando você se distanciando e durante cinco segundos me perguntei: “dava pra te pego o número dela ou pelo menos o e-mail, droga”. Era sexta-feira e o começo de um longo feriado, não estava muito a fim de ficar em casa sem uma companhia.

– Ei, Espere! – gritei.

Foi então que o convite veio e descobrir o outro lado do feriado de carnaval. Quatro dias de intensos abraços, carinhos, beijos e a diversão que um feriado de carnaval pode proporcionar. Esse, porém, será diferente. Já que não estamos juntos há dois meses. Nosso relacionamento não aguentou as fortes chuvas desse tempo, e o feriado de carnaval passou a ser novamente para mim o momento de silêncio, onde eu pudesse relembrar nossos primeiros dias, já que recebi o seu telefonema junto com o convite. E como diz a canção “Marcha da 4a Feira de Cinzas” de Vinícius de Moraes: “Acabou nosso carnaval, ninguém ouve cantar canções. Ninguém passa mais brincando feliz, e nos corações saudades e cinzas foi o que restou”.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Corpos

No começo eram dois. Mas que na verdade tinham o mesmo corpo. Ele, o criador frustrado. Ela, a obra imperfeita. Sabiam combinar. Um formava o outro. Então, no começo era um.

PAM! Track.

Quando Heloisa ouviu o barulho da porta bater, sabia que Eduardo nunca mais voltaria. Sabia que sua dor e angustia se apodreceriam naquele espaço vazio, onde seu corpo não teria mais vida com o corpo que saiu. Era seco e silencioso o seu choro. Os braços apertavam suas pernas e o seu corpo permanecia imóvel naquele sofá. O barulho do tic-tac do relógio na parede lhe atravessava o corpo. Nada lhe incomodava, pois sua concentração estava no pensamento e na respiração que lhe acalmava o corpo.

Eduardo com o corpo agitado e a respiração forte, andava pela rua tentando esquecer seu pensamento. Seus passos eram largos e pesados. Atravessava as ruas rapidamente num processo automático, ligado pela raiva que sentia. Seu foco a frente lhe mostrava o caminho para seguir. Mas não sabia ao certo para onde. FOoOoM! O barulho da caminhonete lhe atravessou o corpo junto com o vento que lhe foi lançado. Quase perdeu a vida. Quase. Se não fosse o reflexo de sua audição que parecia não fazer parte do corpo. Sentiu-se estourando por dentro.

Do outro lado da rua, os bares laçavam um brilho aos olhos das pessoas que passavam dentro dos transportes públicos. Na calçada, mesas rodeadas de corpos que se perdiam nas vozes perdidas no ar. A noite proporcionava uma sensação boa aos corpos. Todos sorriam conforme a expressão do outro. Talvez aqueles não fossem eles. Seus egos voltariam na volta para suas casas.

Heloisa levantou-se, olhou para os livros na estante e para os objetos que lhe remetiam o passado. Seus pensamentos estavam querendo gritar. Prostrou-se a frente do espelho ao lado da estante e começou a se observar. Um olhar que lhe traziam as lembranças do olhar que lhe olhava. Heloisa olhando para o espelho começou a se despir. Tirou a blusa. A calça. O sutiã. A calcinha, e olhou para seu corpo nu. Ficou-se ofegando. Amassando a barriga com as mãos. Passou a ponta dos dedos pelo resto do corpo. Sua pele era macia. Delicada. Doce. Sentiu vontade de se penetra ao fundo. Sentia as lembranças do passado. Sentia falta do corpo que saiu. Sentia-se única.

Eduardo entrou no botequim, sentou-se no balcão. Pediu uma vodca com gelo. Acedeu um cigarro e deu uma profunda tragada. Seu corpo ainda estava estourando por dentro. Passou os dedos entre os cabelos e apoiou o cotovelo no balcão com a mão na cabeça. Pensava no corpo. Nas lembranças do corpo que não saiu. Queria chorar para vê se o corpo saia. Mas estava seco. Percebeu que o ar que entrava em si, voltava com a fumaça absolvida. Sua sensação era a de um relaxamento profundo. Sonho. Engolia saliva junto com a vodca gelada. Acendeu outro cigarro. A cada tragada, o corpo saia lentamente de dentro do seu.Sentia as lembranças do passado. Sentia falta do corpo que ficou. Sentiu-se único.

No começo era um. Mas as imperfeições do outro, não deixavam se fundirem. Ele, perfeccionista demais. Ela, autêntica demais. Então, no começo eram dois.

*Bom, gostaria de me desculpar-me com os leitores do blog. Fazia tempo que não escrevia, em. Isso acabava deixando a presença dos leitores menos frequente por aqui. O motivo é que... Não há motivos. Escrevemos quando sentimos. Quando queremos, talvez. Ou então, passar os quatros dias de um feriado trancado em seu quarto podem fazer os sentimentos gritarem: “Ei, estamos aqui!”. Criei esse texto com referências das aulas de teatro. Todos os dias estudando corpo, respiração, olhar, sentimentos, pode lhes rederem um conto. O bom é que voltei a escrever. Estava precisando.

quinta-feira, 31 de março de 2011

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Palavra: objeto selvagem

Sei que as palavras nunca mais serão as mesmas depois que elas morrem.De certa forma, elas deveriam preencher mais que o vazio onde elas não são escritas. Elas são formadas a partir da compreensão de algo e desenhadas através do olhar. Ditas para acalmarem e expressar o sentimento. Talvez sem elas não nos entenderíamos como homens. Queria permanecer dentro das palavras como uma forma de terapia, mas esse grande circulo a qual permanecemos, me impede de alcançar o que eu ainda não descobri.


Exemplo:
“Era fevereiro, e as fortes chuvas alagavam as ruas de Belém. O vidro da janela do ônibus embaçado fez com que minha mão fosse até o mesmo. Nos pontos de ônibus, corpos a mutuados se protegiam das fortes gotas que vinham do céu. A fisionomia das pessoas era de cansaço. Corpos cansados do mesmo ritual cotidiano. Dentro do ônibus, a mesma reflexão que poucos notavam. Estavam sendo levados para suas casas, como as carnes são levadas nos caminhões para o açougue.”

Se observares cada segundo, cada detalhe, cada respirar, as palavras serão desenhadas e saberá filosofar.

Ei, acorda. Ainda não sei o que devo escrever quando as palavras ficam em silêncio. Desaprendemos a desenhá-las, nossos olhares são pecados que construímos durante as gerações. Os estudos comprovam que não colocamos em pratica as palavras descritas pela antiguidade. Somos muitos para o espaço de poucos. Tentarei desenhar palavras nos dias tristes e me alegrar ao choro de sua leitura.

Somos seres duvidosos que estamos de passagem pelo circulo. Somos filósofos de si mesmo quando passamos a compreender nosso espaço. Somo fracos e francos com nós mesmo. Temos que aprender a jogar com as palavras, mas elas acabam nos entediando.

Para o grande sábio, escritor e filósofo paraense Benetido Nunes.


“Aprendi e levarei suas palavras comigo nesse grande circulo. Seus desenhos serão para mim, grandes referências.”



Bernard Freire

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