quarta-feira, 29 de junho de 2011

Rebobina(dor)

Minha prezada Carol:

Hoje, mais do que nunca, sentir saudade sua. Lembrei de seu suave rosto e do brilho de seus olhos para ocupar minha mente de sua beleza. Os dias aqui no Rio demoram a passar. Estou desaprendendo a viver. Levo dia após dia como se fosse o mesmo. Como se fosse uma gravação de minha rotina. Minha vontade era de estar ao seu lado, passar meus dedos entre seus cabelos cacheados e sentir o cheiro do meu jardim de flores. Você me mata de saudades. Talvez se eu não tivesse escolhido esse emprego aqui, poderia está com o pouco que eu tinha ao seu lado. Isso iria me confortar. E você? Como é que vai? Final de semana sair com o pessoal da fábrica. Divertimos-nos muito. Eles ficaram encarnando em mim durante o expediente todo porque eu não parava de falar o seu nome. Devia está bêbado. Como daquela vez que fomos para o boteco da praça, lembra. Passei a noite toda falando sobre ‘pirataria’, e todos já estavam de saco cheio. Eu sou mesmo uma figura. E daquela vez que...

Eu não queria mas lê aquela carta. Se possível, queria que ela nem tivesse existido. Ela é como as outras. Cheia de palavras que remetem saudades e lembranças de nosso namoro. Como é que ele podia falar em saudades e ficar longe daqui. Porque ele não largava tudo e vinha ver a saudade dele. Será que ele não pensa que eu também tenho sentimento. Eu aqui calada, vivendo de solidão. Respirando os dias deprimentes das dores. Sentindo a falta da cor que tínhamos. Supro minha saudade conversando com pessoas que não conheço. Com rapazes que me convidam insistentemente para sair. Devo está fazendo a coisa certa. Viver do que aconteceu me estraga. Faz me sentir uma moça tola. Já não existo para o que aconteceu. Agora sigo numa linha que sempre me busca nos momentos tristes. Para encontrar o que ainda não encontrei. Para buscar o que ainda não vivi. Para recuperar esses dois anos que estamos longe.

Bernard Freire

2 comentários:

Raissa Lennon disse...

Você deveria escrever um livro *-*

O diário de minha vida. disse...

Lendo esse post lembrei de mim quando estava longe de quem amava, teve um tempo que fiquei tão cansada da distância e já não aguentava mais chorar. Foram 5 anos de distância, mas hoje estou feliz do lado de quem amo.

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