domingo, 23 de dezembro de 2012

De dentro

Olho com o som dos movimentos do tempo, olho com o toque e o sentir do respirar. Observo o mundo se expandir dentro de mim e criar outro conceito para as coisas da vida. Recrio formas de andar e os passos se divertem com a coreografia do deslizar no espaço que parece ser uma linha estreita imensa. Os objetos se transformam em artes para serem emoldurados e tornarem-se áureos. Os sorrisos se misturam com as bolinhas de sabão e se pedem com um pequeno estouro no ar. A dança dos fios lisos, leves, são os mesmos que as dos cachos. Eles dançam ao ritmo do batuque tornando-se único. O abraço se retrai no olhar, sentimentos são passados como raio magnético, a mensagem é levada a bateria cardíaca que pulsa querendo sair pela boca. São palavras presas escritas pelo corpo. As letras surgem como alma, e a pele recebe esse contato com o outro num desenho transparente.

próximo também lembrar coelho luneta farol saudades navio manhã moldura tamborete vindas saber pouco pele amor não motivo impulso passagem estrelas música fotografia palavras vasto oposto discurso grão viagem mar garrafa frenético grama arte vela movimento sorriso substituir férias esquecimento pano liberdade chuva barulho palco contato

No movimento da água a pintura se desfaz dando cor a passagem da correnteza. As letras somem levando o desapego restante de dentro.  O olhar se perde na nuvem de pássaros azuis que surgem do mar e giram no céu laranja-cinza, dando cor a um novo fundo. Sinos dobram como risco. Poesias escritas ao vento indicam o caminho oposto da linha estreita. A força o conduz com chutes pesados, a pele protegida por pétalas brancas o lava. O olhar de dentro senti o mundo criado, a vida não tem tempo, a vida feliz é a linha embolada na palma da mão. O resto é escrito numa folha de papel amassada e colocado dentro de uma garrafa para o mar levar. Agora a tela é livre para ser pintada nas cores do silêncio. 

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